Identidade de Gênero: Revolução ou Evolução, Você Decide
- Alexandra Azevedo
- 8 de ago. de 2019
- 4 min de leitura
Atualizado: 14 de ago. de 2019
Na língua Portuguesa, o conceito de gênero é naturalmente e amplamente utilizado
no vocabulário diário sem nos darmos conta. Por exemplo, dizemos “Quantos
pãezinhos vou comprar na padaria?” E sem pensar, utilizamos adequadamente o
gênero masculino aos nos referirirmos aos pãezinhos - “quantos” dizemos nós, e
também ao gênero feminino ao dizer “na padaria”. Tranquilamente aplicamos um
conceito que foi aprendido e absorvido através de nossa cultura, mesmo que
tenhamos faltado a todas as aulas de gramática na escola.
Porém, temos tido que prestar um pouco mais de atenção ao nos dirigirmos às
pessoas em nosso convívio, pois diversas delas têm se sentido mais livres e
empoderadas para expressar-se de acordo com o gênero que mais reflete como se
sentem internamente. Então, vemos pessoas que ao nascer tiveram seu gênero
atribuído de acordo com seus órgão genitais, se expressarem em desacordo com
essa norma criada pela sociedade. Isso quer dizer que pessoas nascidas com genitais
masculinos, tem se identificado e apresentado com expressão feminina, e pessoas
que nasceram com genitais femininos tem se identificado e apresentado com
expressão masculina. Assim ocorre com as pessoas trangênero.
Sexo e gênero não são a mesma coisa. O sexo é atribuído ao nascimento, e refere-se
ao status biológico como masculino ou feminino. O sexo está associado
principalmente a atributos físicos, como cromossomos, prevalência de hormônios e
anatomia externa e interna. O gênero refere-se aos papéis, comportamentos,
atividades e atributos socialmente construídos que uma determinada sociedade
considera apropriados para meninos e homens ou meninas e mulheres. Tais
atributos influenciam as formas pelas quais as pessoas agem, interagem e como se
sentem sobre si mesmas.
Embora aspectos do sexo biológico sejam semelhantes em diversas culturas, os
aspectos de gênero podem ser diferentes. Existem informações documentadas a
respeito de pessoas transgênero em diversas culturas e sociedades indígenas,
ocidentais e orientais desde a antiguidade até os dias atuais. No entanto, o
significado da não-conformidade de gênero pode variar de cultura para cultura, bem
como sua expressão.
A expressão de gênero comumente reflete a identidade de gênero. A identidade de
gênero é como pensamos sobre nós mesmos internamente, como nos reconhecemos
e desejamos ser reconhecidos pelos outros, seja como homem, mulher, ambos ou
nenhum gênero. A expressão de gênero é como mostramos isso ao mundo através
das roupas que usamos, nossas atitudes e comportamentos; e é nossa própria
escolha, não algo imposto a nós. Como vimos anteriormente, ambas são diferentes
do conceito de gênero, que se refere às características ou crenças que nos são
atribuídas culturalmente.
Porém, nem todos se percebem com o gênero que lhe foi atribuído e as
características dele esperadas. A identidade de gênero pode variar entre diferentes
graus de masculinidade ou feminilidade que podem ou não mudar ao decorrer da
vida. Essa variação não diz respeito a nenhum distúrbio mental e sua patologização
pode representar uma violação dos direitos humanos do indivíduo.
Existem diversas identidades de gênero, as quatro básicas são: transgênero,
cisgênero, não-binários e fluidos:
- O indivíduo transgênero é aquele que não se identifica psicologicamnete ou
socialmente com o gênero que lhe foi atribuído ao nascimento e baseado nas
características masculinas ou femininas de seus genitais.
- As pessoas cisgênero são aquelas que se identificam socialmente e
psicológicamente com o gênero a elas atribuído ao nascimento.
- Os indivíduos não-binários, são aqueles que não se identificam exclusivamente
com o gênero masculino ou feminino, mas com um pouco de um ou do outro, com
ambos ou nenhum.
- Pessoas que se identificam como fluidas são aquelas cuja identidade de gênero
não é fixa, é um misto de ambas as identidades masculina e feminina e oscila entre
elas no dia-a-dia.
Transgênero é também um termo genérico, muitas vezes chamado de “guarda-
chuva”, pois abriga vários termos referentes a pessoas cuja identidade de gênero,
expressão de gênero ou comportamento não estão de acordo com aquele
tipicamente associado ao sexo que lhes foi atribuído no nascimento. Estes termos
variam culturamente em seu significado, aplicação e frequência de uso, inclusive
podendo ser ofensivos em diferentes grupos culturais. Alguns exemplos são:
Transexual, Queer, Trans, Drag Queen, Drag King, Travesti, Cross-Dresser, Demi-
boy, Demi-girl, etc. Veja na região em que vive quais termos são usados ou ainda se
outros são mais comuns e aceitos como não-ofensivos.
A identidade de gênero independe da orientação sexual do indivíduo, que diz
respeito a qual identidade de gênero o indivíduo se sente atraído emocionalmente e
sexualmente. Pessoas heterossexuais sentem atração por pessoas de identidade de
gênero diferente da sua. Indivíduos homossexuais sentem atração por pessoas da
mesma identidade de gênero. Aqueles que se identificam como bissexuais sentem
atração por pessoas com a mesma identidade de gênero ou não. Aqueles cuja
atração não se dá devido a identidade de gênero, são denominados pansexuais e
sentem-se atraídos por pessoas, independente de sua identidade ou expressão de
gênero. As pessoas pansexuais podem sentir atração por indivíduos do sexo
masculino, feminino, travesti, transgênero, transexual, drag queen, etc. Ou seja, por
todos os gêneros. As pessoas assexuadas são aquelas que não sentem atração
sexual.
Todos esses conceitos nos levam a concluir que existem muitos aspectos a serem
considerados a respeito de nossa identidade e sexualidade. Como vemos o outro e a
nós mesmos depende de como somos influenciados por nossa cultura. Como
convivemos com isso, também. Historicamente, comportamentos e posicionamentos
sociais antes rejeitados hoje são acolhidos, como por exemplo divórcio, voto
feminino e casamento multi-racial, citando apenas alguns. A humanidade segue em
processo evolutivo e se ajusta culturalmente às necessidades de seus indivíduos.
Você, eu, seu vizinho, cada um e todos fazemos parte dessa engenhoca que faz
avançar a evolução humana. Pois a vida segue, e a cultura absorve as mudanças
independentemente de nossas resistências pessoais. Somos livres para escolher se
vamos ficar encalhados na amargura e preconceito ou se vamos seguir em frente de
coração aberto, abraçando o presente maior que já ganhamos: A Vida!
No espírito de abraçar a vida exatamente como nos foi dada e incluir as pessoas que
estão vivendo uma experiência LGBTQ+, seja pessoal ou através de um ente querido,
e também aqueles que são simpatizantes com as questões LGBTQ+, criamos um
grupo no qual voluntárias gratuitamente e carinhosamente atendem, acolhem,
apoiam e educam, sem julgamento ou discriminação; onde todos socializam
confortavelmente.

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